..."Não é, pois, a pintura que serve o texto, que elucida o texto, que com ele coincide: dir-se-ia antes que com ele convive – relação que é, a bem dizer, remota e profícua na obra de Avelino Sá, mas que nunca terá sido tão desabrigada como aqui. Reingressar na escrita de Robert Walser enquanto motivo de pintura, não é, pois, para o artista, um regresso a um espaço já apreendido e, como tal, cómodo ou isento de falha: revela-se, sempre, um ingresso feliz numa vastidão que o liberta. E tanto assim é que, olhando estes trabalhos, descobrimos que a sua pintura, contrariamente a outras abordagens passadas, não oculta agora a escrita, nem está desavinda com a respectiva legibilidade, aliás, característica central em Walser (e necessariamente na obra de Avelino Sá) que mereceu devida reflexão nos trabalhos que compuseram a exposição «Bleistiftgebiet»; a escrita elenca-se agora como se numa página estivesse, em cada desenho, ocupando espaço idêntico ao da pintura e nela se integrando." ...
Eduardo Calheiros Figueiredo
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